
A peregrinação hoje em dia; viagem mítica, real, virtual
A viagem e a peregrinação como arquétipos míticos
A presente pesquisa quer apresentar a peregrinação na Europa de hoje como viagem com função não apenas religiosa, mas também antropológica, cultural e social, tomando como ponto de partida uma reflexão sobre a viagem como acontecimento mítico primordial, à luz da utilização dos atuais meios de comunicação.
Entre os muitos motivos arquetípicos presentes desde a antiguidade nos mitos se encontra o da viagem. Entendemos o motivo arquetípico a partir da definição de C. G. Jung como imagens e conteúdos arcaicos, primevos do inconsciente coletivo que se manifestam através de mitos e contos populares, conteúdoque “ao fazer-se consciente e ser percebido experimenta uma transformação adaptada à consciência individual na qual aparece”, isso é, como uma “perífrase explicativa do eidos platônico” (2010, p. 5). Nessa perspectiva a viagem vem a ser então um caminho de encontro com o imaginário, uma viagem mítica que pertence tanto ao contexto concreto dos povos nômades quanto ao abstrato dos mitos. De um nasce o outro, já que encontramos traços de nomadismo nas origens da literatura mundial, como por exemplo, na época da civilização suméria e já local de estadia, a perigosa viagem que empreende o rei de Uruq Gilgamesh (II-I milênio a.C.) em busca da imortalidade, a longa e também perigosa viagem de Ulisse na Odisséia (século IX-VIII a.C.), cujo nome terminou por identificar uma viagem sem fim, por antonomásia,e em épocas mais recentes, a viagem de Dante em Divina Comédia que na literatura mundial é a viagem transcendental por excelência.
Por, Rosa Affatato.
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